Qual o impacto do grão nos preços das terras agropecuárias?

Entre 2021 e 2022, o valor médio do hectare para cultivo de soja e milho, passou de R$ 36,7 mil para R$ 53,3 mil, resultando em um aumento de 45% nos preços das terras agrícolas destinadas ao plantio de grãos. Segundo a S&P Commodity Insights, em três anos a supervalorização das terras agrícolas do país alcançou 127,4% e, apesar dos custos elevados para produção, o motivo deste aumento está na forte demanda de investidores e a alta rentabilidade da agropecuária.

A expectativa para este ano é de uma acomodação de mercado, na qual os preços deverão aumentar menos do que nos anos anteriores. Porém, quem atua no ramo acredita que haverá uma janela de oportunidades para aquisição de áreas aos investidores que estiverem com liquidez.

Em contrapartida, em entrevista à Valor Econômico, Mario Lewandowski, diretor de novos negócios da AGBI, diz que a continuidade dos altos custos no campo, somada aos juros elevados, vai cobrar a conta de alguns produtores que não fizeram planejamento financeiro e apostaram na alavancagem, resultando na venda de áreas.

Ele ainda afirma que muitos agricultores vão ter dificuldades com as parcelas do ano passado e conseguir crédito bom neste ano, principalmente quem se financiou com o câmbio mais elevado. Daqui a seis meses, com o aumento de juros e custos, o produtor que não fez a conta certa pode ter que colocar um pedaço da terra para vender neste ano.

Os juros do país saltaram da mínima de 2% para 13,75% ao ano atualmente, sem sinais de queda brusca no curto prazo. Caso haja uma queda acentuada dos juros nos próximos meses, os agricultores conseguirão se reorganizar, sendo assim, tudo indica que este é um bom momento para estar líquido porque aparecerão oportunidades.

Contudo, atualmente o preço da terra não está bom para comprar e, no momento, não há indícios que estes índices vão diminuir, já que são atrelados aos produtos agrícolas e têm os valores corrigidos pela inflação continuamente. Entretanto, vale uma atenção especial, pois deve haver acomodações enquanto o mercado se ajusta às novas condições de juros e custo de insumos.

A conjuntura internacional também afeta o mercado, principalmente com a desaceleração dos principais parceiros comerciais do Brasil. Porém, o aumento na produção agrícola no país e consequente elevação nos estoques internos, pode gerar alguma pressão sobre os preços – o que não foi possível na última safra devido aos estoques limitados.

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